O início de janeiro na Ibovespa deu continuidade à valorização das empresas iniciada em novembro. Mais uma vez, os recursos estrangeiros foram fundamentais. Assim, a entrada de mais alguns bilhões na Bolsa foi suficiente para haver: elevação do volume diário de transações e aumento dos preços na primeira semana.
Este ambiente externo positivo ainda vem da redução de incerteza a nível internacional com a liberalização e o início da vacinação em vários países.
A pergunta que fica é sobre a manutenção deste ambiente e deste fluxo para os próximos meses. Mais uma vez, temos que voltar a atenção para o risco fiscal e o andamento das reformas.
Expectativas neste cenário
Sem reformas, o gasto público e o risco fiscal devem aumentar. Com isso, o clima externo positivo tende a ser dominado pela maior incerteza interna, levando à saída de capital estrangeiro e doméstico do Bovespa. Além disso, pode haver perda de valor das empresas.
Recentemente, um dos candidatos à presidência da Câmara levantou a possibilidade de estender o auxílio emergencial para 2021. Mas, para fazer isso, sem afetar o risco fiscal, é preciso avançar nas reformas e nas privatizações.
Isso porque: reduzir o déficit das estatais e os elevados salários do funcionalismo pode gerar recursos para serem usados no combate aos efeitos da pandemia. Em síntese, não existe “trade off” entre reformas e os gastos para combater a pandemia. Na verdade, um precisa do outro.

Arilton Teixeira – Economista-chefe da Apex Partners.