O presidente Jair Bolsonaro mostrou sua insatisfação com os elevados impostos sobre os combustíveis no Brasil, o que acaba prejudicando em muito a população de baixa renda, além de toda a economia. Mas o que Bolsonaro não menciona é que ele mesmo ajuda a manter esta situação.
Os elevados impostos que incidem sobre os combustíveis e sobre os bens em geral no Brasil, além da substituição tributária, foram criados nas últimas décadas. O objetivo teórico destes novos impostos era dotar o estado brasileiro de receitas abundantes para promover o crescimento e o desenvolvimento econômico.
Na prática, o objetivo foi construir um estado gigante, distribuidor de privilégios e elevados salários ao funcionalismo, incompatíveis com a renda per capita brasileira.
Assim, quando o presidente quer reduzir impostos, ele implicitamente deveria querer cortar gastos e privilégios do setor público. Gastos estes que são pagos com os impostos que o presidente diz criticar. Mas não é isto que temos visto.
Se quisesse privilegiar os mais pobres, reduzindo impostos, seja sobre energia, seja sobre outros bens, deveria colocar a força do governo federal para aprovar a PEC 186, 188 e a Reforma Administrativa que permitisse e gerasse corte de gastos e fim dos privilégios no setor público.
No mais, a atuação do presidente protegendo os privilégios pagos pelo Estado, mas atacando os impostos que os financia, são apenas contradições de uma proposta. Ao fim, gera apenas instabilidade e incerteza, mostrando um governo que não sabe o que quer.

Arilton Teixeira – Economista-chefe da Apex Partners.